O título já deixa claro qual a minha posição sobre a “Lei das
Palmadas”: sou absolutamente contra e, sinceramente, acho absurda essa
discussão.
E não é por ter intimidade com a prática. Pouco, muito pouco,
sofri com elas quando criança. E faço pouquíssimo uso com os meus filhos.
Apesar disso, é de uma desfaçatez impressionante este tema
entrar em pauta e ser aprovado ridiculamente como foi. Será que o problema das
gerações atuais e futuras é a disciplina – aqui incluída a palmada –
administrada pelos pais? Ou será exatamente a falta dela?
Cabe aqui também uma crítica ferrenha aos deputados
–evangélicos ou não - que, inicialmente, defenderam que o texto falasse sobre “proibição
a agressões físicas” e aprovaram um texto com “proibição a castigos físicos”. Não
é necessário explicar a diferença entre agressão e castigo.
Mas é obrigatório dizer que a Bíblia
Sagrada trata sobre este tema também: “Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara,
nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do
inferno.” (Provérbios 23:13-14)
Para quem vê aqui uma apologia clara à violência infantil, na
verdade, há uma íntima relação disciplina e correção, relação esta que se
inicia na infância, mas que nos seguirá por toda a vida.
E tem mais: “Se
suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o
pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos
participantes, sois então bastardos, e não filhos.” (Hebreus 12:7-8)
Este texto bíblico, para mim, simplesmente destrói a
argumentação existente nessa lei. Quer dizer que os pais são responsáveis pelo
cuidar (alimentação, moradia, vestuário e educação), ou seja, tem apenas
deveres, mas não possuem mais o direito – que também é um dever – à correção
dos filhos? Segundo a Bíblia, teremos, então, uma geração de bastardos?
Espero que não, senhores pais. Mesmo que estejamos sujeitos,
como diz a nova lei, “pais que maltratarem os filhos sejam
encaminhados a programa oficial de proteção à família e a cursos de orientação,
tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de receberem advertência. A
criança que sofrer a agressão deverá ser encaminhada a tratamento
especializado. As medidas serão aplicadas pelo juiz da Vara da Infância. Teresa
Surita destacou que não há, no texto, qualquer previsão de multa, prisão ou
perda da guarda dos filhos.”
Além de absurda, ambígua. Se o texto fala de maus tratos, o
que temos mais próximo disso não são as agressões? E porque esta palavra não
foi a escolhida para o texto da lei?
Aproveito para agradecer à relatora do projeto, agora lei,
deputada Teresa Surita (PMDB-RR), por não incluir “multa, prisão ou perda da guarda
dos filhos”. Foi um ato de extrema coragem não permitir que pais que
deram uma palmada não se juntem aos “ladrões de galinhas” para cumprirem uma
extensa pena de prisão. Agradeço, em nome de muitos pais brasileiros, por não
permitir também a perda da guarda dos filhos, para serem exemplarmente educados
pelo Estado brasileiro.
Pais, por favor, não troquem a palmada – não a agressão e
covardia – de agora, pelo cassetete na adolescência e, na idade adulta, as
algemas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário