O caminho perfeito de Deus

"O caminho de Deus é perfeito..." (II Samuel 22.31a) 


"E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, que estava mais perto; porque Deus disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e volte ao Egito. Mas Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto do Mar Vermelho; e armados, os filhos de Israel subiram da terra do Egito. E Moisés levou consigo os ossos de José, porquanto havia este solenemente ajuramentado os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará; fazei, pois, subir daqui os meus ossos convosco. Assim partiram de Sucote, e acamparam-se em Etã, à entrada do deserto. E o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite." (Êxodo 13.17-22)


Não há dúvidas que o caminho de Deus é perfeito. Porém, ao lermos os textos acima e vermos o mapa, entendemos que, em nossa pobre visão humana, quão difícil é percebermos a dimensão da perfeição do nosso grande Deus.

Como entender que alguns dos nossos planos tenham sido frustrados - ou estejam sendo - se tudo fizemos para que desse certo? "Ah! Como eu estudei, me preparei e não alcancei o cargo que tanto almejava!" "Meu Deus, tu sabes como orei, busquei e não consigo encontrar o meu verdadeiro amor." Será que esses percalços não fazem parte do caminho perfeito de Deus para a sua vida? Será que o Senhor não está te levando por um caminho mais distante e te livrando da terra dos filisteus?

Difícil é entender dessa forma. Fácil é perceber quando acontece com outrem. Será que não agimos exatamente igual ao povo de Israel quando murmurou: "Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios. Pois que melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto"? (Êxodo 14.12) Será que, muitas vezes, não queremos voltar ao Egito, achando que vamos morrer no deserto?

Esquecendo que, no Egito, podemos estar até nos palácios, mas somos escravos, estamos subjugados a Faraó. No deserto, há poeira, sol, mas "o SENHOR ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite."
 
Interessante é que, no caos que é o deserto, o Senhor põe tudo em ordem. Até as atribuições do povo, de Moisés e do próprio Deus. Ao povo, disse através de Moisés: "Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem." (Êxodo 14.15) Ou seja, o povo tinha apenas que marchar,  continuar,  prosseguir. O papel de Moisés também estava definido: "E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco." (Êxodo 14.16) 

Pensando bem, será que, às vezes, não perdemos as bençãos porque, enquanto povo, queremos agir como Moisés e, quando no papel de Moisés, atuamos como povo? O que adianta querer atravessar o mar, se Moisés ainda não o fendeu? Como o povo vai passar, se Moisés ainda não teve a coragem de levantar a vara, estender a mão sobre o mar e o fender?


Pior ainda é querer ser o principal personagem da história: Deus. Endurecer o coração de Faraó, sair da frente do exército e ir para trás, mudar a posição da coluna de nuvem, enviar um vento oriental, alvoroçar o campo dos egípcios e tirar as rodas dos seus carros é o papel reservado ao "Eu sou o que sou".

Se soubermos exatamente o nosso papel no deserto e respeitarmos o papel dos demais, há algo para nós reservado: o cântico de Moisés. Lembrando sempre: a melhor distância entre dois pontos é o caminho perfeito de Deus.