E Deus deu o crescimento

Segundo o M.A.I. - Ministério de Apoio com Informação, o número de evangélicos triplicou em dez anos na Paraíba. Esta entidade tem por missão “fornecer informações e ferramentas administrativas que auxiliem no crescimento da Igreja Evangélica”.

A Taxa de Crescimento Anual da População na Paraíba, entre 1991 e 2000 foi de 0,80%. A população evangélica, no mesmo período, cresceu 10,70%. Em 2000, o percentual de evangélicos paraibanos era de 8,8%. A previsão do M.A.I. é de chegar, em dezembro desse ano, a 22,4%. No Brasil, entre 1991 e 2000, a taxa de crescimento da população evangélica foi 4,5 vezes maior do que a estatística populacional. Hoje é de sete vezes mais. Números muito positivos, e, ainda assim, bem promissores.

Em primeiro lugar, há um aspecto muito interessante quando analisamos esses números: a desmistificação deles. Na maioria das igrejas evangélicas, sempre foi um enorme tabu analisar números, crescimento, perda de fiéis, como se essa atitude fosse um dos mais terríveis pecados. Esquecemos que, na Bíblia Sagrada, há um livro chamado... Números, em que um censo militar é feito, em cada tribo, de todos os homens adultos capazes de lutar. É sempre bom saber o tamanho do nosso exército, do nosso povo.

Desde que não seja com o mesmo propósito que levou Davi a numerar o povo de Israel e Judá: o orgulho. “Disse, pois, o rei a Joabe, capitão do exército, o qual tinha consigo: Agora percorre todas as tribos de Israel, desde Dã até Berseba, e numera o povo, para que eu saiba o número do povo.” Até o insensível Joabe achou a contagem absurda e desnecessária: “Então disse Joabe ao rei: Ora, multiplique o SENHOR teu Deus a este povo cem vezes tanto quanto agora é, e os olhos do rei meu senhor o vejam; mas, por que deseja o rei meu senhor este negócio?” Davi insistiu e, após nove meses e vinte dias, soube-se o resultado: 800 mil homens de guerra em Israel e 500 mil em Judá. Um grande e forte exército de um milhão e trezentos mil homens.

Estamos diante de um paradoxo: em um momento, o povo pode ser enumerado e, em outro, não? Sim, depende da intenção. As sinceras e verdadeiras serão sempre exitosas, apesar das dificuldades e barreiras. As atitudes repletas de orgulho e interesses pessoais, apesar do êxito inicial, fracassarão. A reprovação de Davi foi tão grande que o Senhor feriu com uma peste e matou setenta mil homens.

O crescimento evangélico - também chamado de “boom” - não se dá pela promessa de prosperidade, forte divulgação na mídia, shows evangélicos ou aos mais diversos artifícios que queiram atribuir. É verdade que a divulgação em mídia de massa atrai muita gente. Se não houver conteúdo nas mensagens, porém, que traga reflexão e mudança real de vida, é propaganda enganosa. As igrejas perdem os fiéis e ainda ganham uma “propaganda contrária”.

Não é mérito de exímios pregadores, usando de recursos de oratória ou de músicas com mensagens subliminares que ataquem fortemente à psique das pessoas. Tudo isso passa, como “seca-se a erva e caem as flores”.

Mesmo os pastores e líderes integralmente dedicados à Obra de Deus não são os principais responsáveis pela expansão do evangelho e consequente crescimento das igrejas. Em Corinto, a igreja encontrava-se dividida. Havia discípulos de Paulo, de Apolo, de Pedro e de Cristo. Havia defensores de cada um deles e da superioridade dos seus trabalhos. Paulo, em uma mensagem poderosa, esclarece: “os líderes são os trabalhadores no campo de Deus. A igreja é o campo. Os líderes são os construtores; a igreja é o edifício de Deus. Cristo, entretanto, é o fundamento”.

E nos dá uma advertência final: o nosso trabalho, com o maior esmero possível, restringir-se-á a plantar ou regar. “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento”.

(Publicado no Paraíba Já www.paraibaja.com.br em 21/11/2010)

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